arregaçadxs [queer drawings]
works inspired by the research of Elizabeth Otto on the queer comunity in Bauhaus during 1919-1933. In this series of works, a couple geometrical cuts in a ream of paper is stretched to its limit - not no be teared apart - creating structures that evoke sexual forms with no specific gender.
Texto em português
Na sequência ddas leituras feitas para a série Desenhos, fui então em busca de escritos sobre desenho na Bauhaus (1919-1933), a escola geradora e disseminadora do pensamento moderno nas artes. Num atravessamento inesperado, entrei em contato com a pesquisa da historiadora Elizabeth Otto2, que levanta questões sobre gênero, sexualidade, corpo, identidade e políticas radicais dentro da lendária escola de arte e arquitetura.
Bauhaus é sempre associada à nomes famosos como Paul Klee, Walter Gropius, László Moholy-Nagy e Marcel Breuer, mas seu entendimento é ampliado quando se reivindicam as vidas historicamente marginalizadas e as conquistas de seus mais de 1200 professores e estudantes, colocando-os como peças-chave do entendimento deste movimento. Movimento que só poderia ter sido tão potente por causa desta sua diversidade.
A junção das ideias de “Queer” e de “Bauhaus” me pareceu bastante inesperada de início, mas considerando que o projeto da Bauhaus tinha como questão central buscar novos modos de viver, e isto incluía ideias sobre sexo, e até certo ponto, sexualidade, esta chave de leitura se tornou um caminho de busca e interesse pessoal. Como resumiu Tirza True Latimer; “a palavra queer carrega conotações do período modernista, quando esta circulava como sinônimo de ‘excêntrico, estranho, esquisito, peculiar, suspeito, dúbio, anormal”3, e também como escreve Jack Halberstam sobre um “modo de vida queer”, que abarca “práticas subculturais, métodos alternativos de alianças, formas de manifestações transgênero, e as formas de representação dedicadas à capturar estes modos de ser obstinadamente excêntricos”4
A partir destes fatos histórico-sociais e pelo significado do desenho como uma atividade que está sempre engajada em profícuos e densos diálogos com outras formas de discurso e com outros modos de construir fabulações sobre coisas e experiências do mundo, surgiram os “Arregaçadxs {Queer drawings}”, desenhos sobre uma resma de papel, onde os traços são cortes profundos sobre estas camadas, modificando sua morfologia. Um ou dois cortes geométricos, vestígios do traço modernista, atravessam a espessura da resma de papel, que quando tensionada para além de seu limite ortogonal, arregaçada ao máximo, a ponto de quase-romper, gera volumes de formas sensuais, eróticas, unidades sem gênero definido. Estes são estruturados sobre chapas de aço, que se encaixam como mecanismos aptos a segurarem os pontos de tensão do papel arregaçado, chapas que tiveram suas formas desenhadas como complemento à forma dos volumes de papel, como se desenha uma sombra, evitando que a obra tenha uma borda ortogonal definida e que o suporte, mesmo que necessário, não deixe de ter sua importância compositiva.
Texto em português
Na sequência ddas leituras feitas para a série Desenhos, fui então em busca de escritos sobre desenho na Bauhaus (1919-1933), a escola geradora e disseminadora do pensamento moderno nas artes. Num atravessamento inesperado, entrei em contato com a pesquisa da historiadora Elizabeth Otto2, que levanta questões sobre gênero, sexualidade, corpo, identidade e políticas radicais dentro da lendária escola de arte e arquitetura.
Bauhaus é sempre associada à nomes famosos como Paul Klee, Walter Gropius, László Moholy-Nagy e Marcel Breuer, mas seu entendimento é ampliado quando se reivindicam as vidas historicamente marginalizadas e as conquistas de seus mais de 1200 professores e estudantes, colocando-os como peças-chave do entendimento deste movimento. Movimento que só poderia ter sido tão potente por causa desta sua diversidade.
A junção das ideias de “Queer” e de “Bauhaus” me pareceu bastante inesperada de início, mas considerando que o projeto da Bauhaus tinha como questão central buscar novos modos de viver, e isto incluía ideias sobre sexo, e até certo ponto, sexualidade, esta chave de leitura se tornou um caminho de busca e interesse pessoal. Como resumiu Tirza True Latimer; “a palavra queer carrega conotações do período modernista, quando esta circulava como sinônimo de ‘excêntrico, estranho, esquisito, peculiar, suspeito, dúbio, anormal”3, e também como escreve Jack Halberstam sobre um “modo de vida queer”, que abarca “práticas subculturais, métodos alternativos de alianças, formas de manifestações transgênero, e as formas de representação dedicadas à capturar estes modos de ser obstinadamente excêntricos”4
A partir destes fatos histórico-sociais e pelo significado do desenho como uma atividade que está sempre engajada em profícuos e densos diálogos com outras formas de discurso e com outros modos de construir fabulações sobre coisas e experiências do mundo, surgiram os “Arregaçadxs {Queer drawings}”, desenhos sobre uma resma de papel, onde os traços são cortes profundos sobre estas camadas, modificando sua morfologia. Um ou dois cortes geométricos, vestígios do traço modernista, atravessam a espessura da resma de papel, que quando tensionada para além de seu limite ortogonal, arregaçada ao máximo, a ponto de quase-romper, gera volumes de formas sensuais, eróticas, unidades sem gênero definido. Estes são estruturados sobre chapas de aço, que se encaixam como mecanismos aptos a segurarem os pontos de tensão do papel arregaçado, chapas que tiveram suas formas desenhadas como complemento à forma dos volumes de papel, como se desenha uma sombra, evitando que a obra tenha uma borda ortogonal definida e que o suporte, mesmo que necessário, não deixe de ter sua importância compositiva.
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Arregaçadx [Queer Drawing n.1], 2020
aço e papel
acero y papel
steel and paper
54 x 37 x 10 cm
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Arregaçadx [Queer Drawing n.2], 2020
aço e papel
acero y papel
steel and paper
42 x 33 x 12 cm
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Arregaçadx [Queer Drawing n.3], 2020
aço e papel
acero y papel
steel and paper
31 x 45 x 12 cm
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